terça-feira, 2 de junho de 2015

Aqueles olhos

Aqueles olhos


Nossos olhares se encontraram no meio do salão lotado. Olhos sérios sustentando os meus. Meu coração deu um pulo que há muito eu não sentia. Sorri envergonhada e caminhei em sua direção, tentando parecer o mais calma possível.
— Olá. Você é a Sarah, certo?
— Eu mesma. Você é o amigo do Paulo?
— Sim. Prazer, Rodrigo.
Ele me deu um abraço e senti seu tórax largo pressionado contra meu corpo. Seu calor foi agradável naquele dia frio. Nos soltamos e ele disse:
— Acho que eles já estão nos esperando no Pizza Hut. Vamos?
— Sim, estou morrendo de fome.
Ele sorriu para mim e andamos juntos até a praça de alimentação, conversando.
Encontramos com o Paulo e mais alguns amigos dele. Comemos, conversamos, rimos e acredito que em algum momento desse processo todo, eu me apaixonei.
Rodrigo me deu carona até o meu hotel.
— Vamos marcar mais alguma coisa antes de você ir embora. –Ele sugeriu.
— Vamos, sim! Aproveitar já que não venho muito para cá. –Respondi animada.
Nos despedimos, e eu fui para o meu quarto. Rolei a noite inteira na cama relembrando o dia. Das conversas com o Rodrigo, seu sorriso que me desarmava, sua voz grossa que me causava arrepios, do seu corpo quente, das suas tatuagens à mostra.
No dia seguinte marcamos de dar uma volta pela cidade. Ele me levou em um tour particular. Eu me sentia uma menina ao seu lado, com suas conversas maduras, com suas experiências de vida. Pude sentir a diferença de idade, mas não me importava nem um pouco, só queria ouvi-lo falar, queria aqueles olhos brilhantes focados em mim. Não queria que aquela semana terminasse.
Passamos tempo dos dias restantes conversando sobre tudo. Mas o último dia da minha viagem chegou e, com ele, a despedida.
Rodrigo me abraçou e disse que sentiria saudades. Meu coração palpitou e não pude esconder um sorriso gigantesco.
Mantivemos contato pela internet, mas não era a mesma coisa. A magia daqueles olhos castanhos foi se esgotando. Até o dia que percebi que qualquer coisa que existiu entre nós foi apenas amizade, e que o caminho que eu estava trilhando era solitário. E isso não mudaria.

Me forcei o distanciamento daquele sorriso que eu tanto desejava até parar de necessitar dele. Assim é a vida. Temos amores eternos e paixões de segundos. E seguimos procurando pelo próximo momento que seremos cativados por um outro alguém.



Se copiar o conto, não deixe de citar a autora (Lívia)