domingo, 19 de junho de 2011

Um dia de princesa

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Um dia de princesa

“Ele veio me buscar em casa de manhã, imagina o susto que levei ao acordar com uma limousine buzinando na frente da minha casa! Levantei apressada e me arrumei o melhor que pude, saí de casa correndo e encontrei o gato do Marcos Correia! O cantor do momento! O meu ídolo! Na minha porta! Com os braços estendidos para mim!
Eu havia ganhado o concurso! Um dia inteiro com o meu ídolo! Ele me levou para tomar o café da manhã em um hotel cinco estrelas da cidade. Chiquérrimo! Depois, fomos até a casa dele. A casa dele! Toda a banda estava lá, e eles tocaram para mim, só para mim. Acredita que eu quase chorei de alegria? Aproveitei e tirei várias fotos para o meu álbum.
Nós almoçamos em um restaurante lindo, e comi coisas que eu nunca imaginei que comeria, só pratos caríssimos, e ele fumou após o almoço. De tarde, fomos até o estúdio aonde ele gravava os discos, e tirei mais fotos.
À tarde nós passeamos no shopping, fomos ao cinema, nós dividimos a coca-cola e a pipoca que ele comprou. E ele ainda me levou até uma loja, comprou um vestido preto lindíssimo e uma sandália de salto alto. Fomos até uma cabeleireira que deixou o meu cabelo fabuloso e uma maquiagem de noite perfeita! Até já troquei de roupa lá, e depois que eu estava pronta, o Marcos veio me buscar usando uma calça jeans despojada e uma camisa social preta que ficou incrivelmente sexy nele!
Nós jantamos no restaurante mais badalado da cidade, um luxo total! Ele falou bastante sobre os trabalhos dele, sobre a boate aonde íamos, como ele adorava dançar e cantar, como era rico, como encantava as garotas aonde quer que fosse, e como fumava há alguns anos.
Fomos até a tal boate famosa, e nós dançamos muito! Dançamos até o meu cabelo ficar completamente bagunçado, e a minha maquiagem borrar. Fui até o banheiro retocar a maquiagem, e domar novamente o meu cabelo.
Já era de madrugada, o Marcos me acompanhou até a minha casa na limousine, e quando paramos no portão, ele me beijou. E obviamente eu correspondi. Ele sussurrou Boa noite no meu ouvido e eu me derreti no seu sorriso. Entrei em casa, e capotei cansada na minha cama.
Sabe, foi ótimo passar um dia com o Marcos, ele é extremamente lindo e charmoso... mas eu pensei bastante sobre ele, sabe? E cheguei a uma conclusão.
Ele é um bom cantor, mas como pessoa, eu esperava muito mais. Esperava que ele fosse perfeito, afinal ele era o meu ídolo. Mas que também fosse culto e inteligente, não só dinheiro, fama e luxo. Ele não quis ouvir nada sobre mim, passou o dia inteiro falando sobre ele: quem ele conhecia que era famoso, quantos carros importados tinha, em como ele ia em festas chiques todos os dias, quantas mulheres lambiam a bota dele, o quanto ele era rico para comprar uma ilha se ele quisesse! Nada sobre doar para os necessitados ou um pingo sequer de humildade.
Enquanto estive ao lado dele, percebi que eu conhecia alguém assim, alguém culto, inteligente, que gosta das mesmas coisas que eu, alguém que é muito doce e que se preocupa comigo: você.
Rafael, eu percebi que te amo. Percebi que o que sempre pensei ser só amizade, era muito mais do que isso, era um sentimento muito mais forte. Não sei como ignorei o fato que você mexe muito comigo, que olhar nos seus olhos faz com que as minhas pernas fiquem bambas, que meu chão desapareça, que meu coração bata mais rápido e mais devagar ao mesmo tempo, e que me falte ar. Eu te amo e, só percebi isso quando o meu ídolo, que era com quem eu estava mais preocupada, se mostrou alguém que não valia todo esse sentimento... que apenas você merece.”
“Você demorou para perceber isso, minha querida Carla, mas finalmente pôde ver o que realmente sente, e isso me faz imensamente feliz porque eu te amo desde a primeira vez que pousei meus olhos nos seus, e você sorriu esse seu sorriso radiante e meigo.”
Ele se aproxima dela, segura seu rosto, e a beija apaixonadamente.

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domingo, 5 de junho de 2011

Esconde esconde mortal

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Esconde esconde mortal


Era madrugada de domingo, eu e mais cinco amigos estávamos brincando de esconde-esconde dentro da escola. Maria estava nos procurando. Após duas horas escondida no armário de faxina eu já havia caído no sono e então resolvi ir procurá-los.

Andei até o banheiro feminino, a luz estava acesa, assim que entrei abafei um grito. No espelho estava escrito em sangue “Estou indo te achar”, e dentro de uma das cabines estava minha melhor amiga degolada.

Corri até o laboratório, encontrei Jorge no chão com o rosto deformado, e vários vidros de ácido em volta. Aquilo estava me assustando. Lembrei do refeitório, e assim que cheguei minhas pernas perderam as forças. Rafael fora esfaqueado e deixado em cima de uma das mesas, e sangue estava espalhado pelo chão. Quando cheguei perto dele, ele ainda estava lutando para sobreviver, e ao me ver, ele gritou desesperado e morreu na minha frente. Peguei a faca que estava ao lado dele no chão caso precisasse.

Seu grito denunciou aonde eu estava, e o louco que invadiu a escola conosco chegaria logo, afinal só poderia ser um louco por trás disso. Corri para a diretoria, e ao passar pelo corredor da minha sala de aula, percebi a porta aberta e uma luz piscando lá dentro. Olhei com cautela, e vi o celular da Júlia piscando no chão. Entrei e o peguei. Ela tirou uma foto borrada de algo roxo. Não consegui identificar. Saindo da sala, reparei em uma das carteiras tortas, ao chegar perto, encontrei um revólver no chão. Uma arma igual a que meu pai tinha em casa. Me arrepiei inteira.

Corri para fora da sala e ao chegar na diretoria, estava vazia. Dei meia volta e, antes de sair, escutei um barulho baixo de respiração. Suei frio. Contornei a mesa da diretora, e encontrei Maria com um tiro no peito. Ela estava quase morrendo. Quando me aproximei, ela começou a chorar e a implorar pela vida, tentei ajudá-la, mas quando a toquei, ela me cortou superficialmente com uma faca do refeitório, e em seguida, cortou sua própria garganta.

Com o choque, corri para o portão, estaria trancado mas eu tentaria pulá-lo. Ao chegar no portão, percebi que era muito alto, e que sozinha não conseguiria. Se eu não encontrasse a Júlia, teria que buscar uma cadeira dentro da escola. Olhei em volta e, encontrei um par de olhos sem vida me encarando. Júlia estava pendurada em uma árvore. Enforcada! Ela era frágil, qualquer um podia arrastá-la aqui para fora. Mas por que eu não escutei nada? Dormi tão pesado assim? E quem invadiu a escola para nos matar?

Lembrei da biblioteca, lá era um lugar para me esconder, e a porta fechava bem. Corri para lá com os meus pulmões estourando, entrei, tranquei a porta por dentro, e arrastei um móvel para fazer uma barricada. Fui para o fundo, e olhei no espelho que havia lá. Um espelho enorme, escrito “Você perdeu!”. Meus instintos ficaram alertas, peguei a faca e olhei em volta.

Estava quieto e escuro. Mas escutei uma risada ecoando pela biblioteca, virei para o espelho de novo, e era eu quem estava rindo! Escutei na minha mente “É ótimo poder ser você e matar os seus amiguinhos idiotas”. Não! Olhei para a minha blusa, roxa. A foto do celular! Minha segunda personalidade os matou. Cruelmente. No desespero segurei a faca com força, e cortei a minha própria garganta. Enquanto eu morria, a risada gélida e cruel ecoava na minha mente, como uma maldição.


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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Uma visita inesperada

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Uma visita inesperada
Um conto para o Takemi. Inspirei-me em nossas poucas conversas...
Rodrigo
Eu estava sentado sozinho como sempre. Na mesma mesa de sempre. Tomando o mesmo café de sempre. Na mesma padaria de sempre. A minha vida continuava na mesma rotina, e eu já estava cansado de tudo.
Foi quando a vi entrar, o rosto sério, o passo firme, dirigiu-se até o balcão, pediu algo que não pude ouvir. A garçonete a atendeu com a mesma graça que atendia todos os clientes, mas aquela ali era nova. Eu tomava o meu café no mesmo horário todos os dias, conhecia todos os clientes, mas definitivamente era a primeira vez dela.
Ela pegou seu pacote e olhou em volta. Todas as mesas já estavam ocupadas, a minha era a única que possuía uma cadeira vazia. Ela me olhou com a cara fechada, deu as costas e saiu.
Voltei ao meu café, mas o pensamento daquela garota não saiu da minha mente.
No dia seguinte, lá estava eu de novo. O movimento estava menor, era sexta-feira. Para a minha surpresa, aquela garota entrou afobada e foi até o balcão, e novamente saiu com o pacote.
Por três meses foi assim. Eu estava sempre lá, e a via quase todo dia. Raramente ela sentava em algum lugar, apenas olhava em volta e saía.
Um dia, cheguei atrasado, e depois de pegar o meu café, ao olhar para a minha mesa, lá estava ela. Sentada, comendo um pão de queijo e lendo um livro. Cheguei perto:
-Posso sentar aqui?
-Claro. –Ela me respondeu com um sorriso cativante.
Sentei junto a ela, e ficamos em silêncio. Mas aquela era a minha chance, se não conversasse com ela naquele instante, nunca mais o faria.
-Eu sempre a vejo aqui.
Ela me olhou nos olhos.
-Acho que peguei a sua mesa, não é? Desculpe, mas é que aqui é mais afastado, e é bom para ler.
-Ah, não se preocupe. Não tem problema nenhum. O que você está lendo?
-Um livro da Agatha Christie.
-Gosta de suspense?
-Adoro. Me estimula bastante ler as aventuras do Poirot.
-Eu percebi que está sempre com uma mochila, ou com cadernos na mãos. Está estudando o quê?
-Estou fazendo cursinho.
-Ah! Que curso você quer?
-Medicina. –Ela deu com os ombros.
-Medicina é muito interessante. Boa escolha, provavelmente adorará quando passar no final do ano.
-Ah, claro.
-Acha que não passará?
-Não é isso...Mas é difícil passar em uma faculdade pública, e eu não acho que esteja pronta.
-Você tem que estudar e se dedicar de coração. Mas você deve estar fazendo isso...
Ela apenas sorriu e baixou os olhos. Que fofa!
Continuei falando, mas ela não me respondeu tanto. Apenas concordava e sorria, ou respondia uma frase ou outra.
-Desculpe, você estava lendo e eu estou aqui falando sem parar.
-Não se preocupe, o livro posso ler em qualquer outro momento, conversar com você está interessante.
Eu apenas sorri, e voltei a falar. Alguns minutos depois, ela olhou para o seu relógio de pulso, e com um sorriso, declarou:
-Eu preciso ir agora.
-Claro, claro. Foi um prazer conversar com você.
-Até outro dia, então.
-Até.
Ela pegou seus livros e saiu. Assim que a vi desaparecer na rua, percebi que não perguntei seu nome.
Passou-se uma semana até ela aparecer novamente, pegou o seu pacote, e antes de sair, apenas me deu um aceno de cabeça e um sorriso contido.
No dia seguinte, eu estava lendo meu jornal alheio à tudo, quando de repente, percebi que alguém sentou na cadeira na minha frente, e estava respirando rápido. Baixei o jornal, e me deparei com a mesma garota, mas que estava quase enxarcada.
-Olá.
-Oi, posso sentar aqui? –Ela perguntou ainda afobada.
-Claro. Está chovendo muito forte?
-Sim, e eu estou sem guarda-chuva.
-Não há nenhum lugar para comprar aqui por perto?
-Não, mas tudo bem. Só voltarei de noite para casa, se ainda estiver chovendo, não terei problema em me molhar.
-Eu... Eu posso te dar uma carona se você quiser, é claro.
-Ah, não seria estranho?
-Não. Aliás, meu nome é Rodrigo.
-Ah. –Ela corou. –Meu nome é Daniela.
-E aonde você mora?
-Na zona oeste. Mas não se preocupe, eu vou de metrô mesmo.
-Não, não. Eu moro na zona norte, mas não há nenhum problema em te dar uma carona.
Ela me olhou um pouco desconfiada, mas sorriu ao concordar:
-Está bem, se não houver nenhum problema.
-Eu saio às dezenove horas do meu trabalho, e você?
-Dezenove e trinta.
-Posso te esperar aqui mesmo, então?
-Aqui já estará fechado, mas pode me esperar no bar aqui da frente.
-Está combinado.
-Obrigada.
-Não é nada.
Ela comeu o que havia comprado, e conversamos. Hoje ela já estava um pouco mais falante.
Dez minutos depois ela se levantou:
-Dezenove e meia no bar da frente, certo?
-Certo. –Respondi.
Ela sorriu e saiu.
Voltei para o meu trabalho, e a esqueci. Só lembrei quando pisei na rua. Me dirigi até o bar, entrei e a esperei. Ainda chovia.
Quarenta minutos depois ela entrou correndo, e molhada. Ela me avistou em uma das mesas mais afastadas, e andou na minha direção.
-Eu sinto muito, me atrasei dez minutos. Desculpe por fazê-lo ficar me esperando.
-Não se preocupe com isso. Vamos?
-Sim.
Corremos até o carro. Ela me disse aonde morava, e eu a levei até lá. Era um apartamento aparentemente simpático. Ela me agradeceu, e desceu do carro.
Fui para casa, tomei um banho e caí na cama, apenas querendo esquecer aqueles lábios rosados e, o perfume dos seus cabelos.
No dia seguinte, ela sentou na minha mesa, e conversamos bastante.
Isso durou quase um mês, até que ela me perguntou se eu poderia dar uma carona para ela naquele dia.
-Sem problema, eu dou uma carona sim.
-Desculpe pedir em cima da hora, mas é que eu tive uns problemas em casa, e não quero voltar tão cedo.
-E tem medo do metrô?
-Tenho. Sei que parece bobagem porque tenho dezenove anos, mas simplesmente tenho medo.
-Não é bobagem, eu com os meus vinte e seis anos também não sinto muita segurança em andar em certos lugares.
-Vinte e seis?
-Não pareço tão velho assim? –Falei rindo.
-Na verdade, não. –Ela riu. –Deve ser o seu cabelo loiro.
-E não esqueça dos meus olhos azuis! –Ambos rimos.
-Mas eu chutaria uns vinte e três.
-Obrigada. E você também é novinha.
-Mas voltando ao assunto... Até que horas você pode me esperar?
-Até as vinte, de preferência.
-Vinte horas está bom.
-No mesmo bar da frente?
-Exato.
-Está bem.
-Eu já vou indo, depois nos vemos.
-Até depois, Dani.
Ela me deu um sorriso, e saiu.
Voltei ao trabalho, e depois que saí, fiquei conversando com o pessoal que trabalhava comigo até dezenove e meia. Fui até o bar, e pedi algo para beber.
Com o tempo, o bartender continuou me servindo, mas não reparei no que era, só continuei bebendo, e quando percebi, eu já havia tomado vodka e whiskey o suficiente para me fazer falar enrolado.
Daniela chegou, e me encontrou na mesma mesa da última vez, mas eu estava bêbado.
-Rodrigo? O que aconteceu?
-Descuuuuuuuuuuuuuuuuulpe. Acho que eu beeebiiiii.
-Tudo bem, eu dirijo. Aonde você mora?
-Não, não. Tenho que te levar.
-Eu posso pedir um táxi.
-Nãooooo, eu levo.
-Você pode dormir lá em casa, por causa da bebedeira.
Eu apenas ri maliciosamente, mas ela me olhava séria.
-Tááááá.
Ela me acompanhou até o carro, e dirigiu até o seu apartamento.
Daniela
Estacionei o carro na garagem, e o ajudei a chegar até o apartamento. Deixei-o sentado em uma cadeira enquanto transformei o sofá em uma cama.
Droga! O que eu estava fazendo? Eu nem o conheço tão bem assim para oferecer o meu sofá para ele passar a noite. Se minha irmã chegar de viagem hoje, eu estou ferrada. Meus pais farão o maior escarcéu e me mandarão de volta para aquela cidadezinha no meio do nada aonde eles moram.
Rodrigo já estava quase desmaiando, pelo menos ele era um bêbado calmo. Ele se apoiou em mim, e o levei até o sofá. Ele sentou, ajoelhei na sua frente e tirei seus sapatos, e a camisa molhada. Já estava com uma camiseta seca nas mãos quando ele me puxou para perto dele. Pude sentir seu corpo quente tocando o meu e corei instantaneamente.
-Rodrigo, o que está fazendo?
Ele aproximou o seu rosto do meu.
-A sua boca é tão atraente, Dani.
Ele estava tão perto... Ele olhou a minha boca com tanta vontade... Mas eu não poderia, ele estava bêbado... Eu podia sentir tão bem o toque da sua pele...
Impulsivamente, puxei seu rosto até o meu e, o beijei.
O gosto da bebida não era um dos melhores mas, ele me beijou com tanta intensidade que eu quase esqueci quem ele era.
E de repente, ele me soltou e, com um suspiro caiu na cama, em um sono profundo.
Fiquei parada olhando-o, com o rosto em brasas, e a mão na boca.
Por Deus, o que eu acabei de fazer?
Depois de cinco minutos, levantei, pendurei a camisa, tomei um banho quente, e dormi.
Acordei tarde no dia seguinte, era sábado e algum celular tocou às dez e meia da manhã. Levantei e me arrastei até a sala. Rodrigo estava de costas para mim, sentado no sofá, falando ao telefone. Eu esperei na porta do meu quarto até ele terminar, e tudo o que eu escutei me chocou:
-Sim, sim. Sinto muito, querida. Eu deveria ter contado que ficaria na casa de um amigo, é que eu acabei bebendo mais do que deveria. Sinto muito. Sim, claro, eu vou buscar a sua mãe no aeroporto. Claro, tenho que ser um ótimo genro. Sim, sim, desculpe de novo. Te amo. Beijos.
Ele desligou e respirou fundo.
Abri mais a minha porta para fazer barulho, e ele se virou e me olhou nos olhos.
-Sinto muito por incomodá-la.
-Não se preocupe, só te dei uma cama e um lugar para passar a noite, não aconteceu nada. –Respondi um pouco apreensiva.
-Eu só me lembro de entrar no carro.
-Hum, eu ia trocar a sua camisa, mas você acabou dormindo assim que tirou a molhada.
Ele apenas riu.
-Não se preocupe, não fiquei gripado nem nada.
-Ótimo! –Eu sorri. –Vou preparar algo para comermos e...
-Ah, não será preciso. Tenho que resolver alguns assuntos.
-Ah.
-Posso devolver a camiseta depois?
-Claro.
Ele vestiu os sapatos, pegou a camisa quase seca, me deu um beijo no rosto, e foi embora.
Afundei no sofá, e fiquei o dia inteiro olhando para a varanda, pensando...
Fiquei uma semana sem aparecer na padaria, eu não tinha coragem de vê-lo, não depois do que fiz. Mas ele estava com a minha camiseta, e eu precisava pegá-la de volta.
Finalmente, depois da aula eu fui até lá. Entrei, pedi um pão de queijo, e sentei na mesma mesa que ele.
-Boa tarde, Rodrigo.
-Boa tarde, Dani. Está sumida, hein?
-Estava ocupada.
-Aqui está a sua camisa. –Ele a entregou dentro de uma sacola.
-Obrigada.
Conversamos sobre outras coisas, mas eu já estava na hora de ir, e precisava acabar com aquilo. Respirei fundo e perguntei:
-Você é casado?
Ele ficou alguns segundos parado olhando para mim.
-Sim.
-Por que não usa aliança?
-Não gosto. Por quê? Da onde veio essa pergunta?
-Eu gosto de você, ou eu acho que gosto.
Ele não respondeu.
-Naquela noite na minha casa...
-Rodrigo! –Alguém chamou.
Ele olhou para alguém atrás de mim e sorriu, mas um sorriso preocupado.
-Nós nos beijamos antes de você apagar, mas quero que você saiba que foi sem querer, e que além de não acontecer novamente, eu não aparecerei mais aqui. –Cuspi as palavras com pressa.
Ele me olhou atento.
-Não aparecerá mais aqui? Mas...
-Adeus, Rodrigo. Obrigada por todas as conversas que tivemos até hoje. –Levantei, dei meia volta, e passei por uma mulher elegante e de olhos alegres. Quando cheguei na porta, olhei para trás, a mulher estava sentada no mesmo lugar onde eu costumava sentar. Rodrigo me olhava, apenas sorri e acenei.
Fui embora, e nunca mais entrei naquela padaria. Encontrei com Rodrigo algumas vezes depois disso, mas passávamos um pelo outro como se não nos conhecemos...


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Ps: talvez eu reescreva esse conto com um final mais caprichado.